O filósofo Heidegger (1956) afirma que o "Vazio" é algo em torno do qual a "identidade" pessoal pode construir algo...
Fonte: Maistorluk
Assim como quando um oleiro constrói um vaso colocando argila em torno de um vazio, a argila é apenas um bordo e o que dá forma é o vazio que o constrói. No seminário "Ansiedade" (1962-1963/2005), Lacan traz algumas reflexões que podem estar relacionadas a esta ideia de vazio, que seria o ponto vazio de uma estrutura. No sujeito, poderíamos dizer que o falo e o objeto a seriam usados para operar como este ponto vazio. A ansiedade então serviria como o bordo, permitindo que o tratamento seja realizado, já que está dando forma, estando aí precisamente onde surgiu, seja no luto ou na ausência de uma estrutura idealizada pelo sujeito, onde situações levam o sujeito mais perto do objeto a e, portanto, do real. Lacan diz que o desejo é uma espécie de impulso cujo ponto de partida seria o indivíduo, algo nascido dentro, projetado para objetos externos. Assim, podemos chegar a uma conclusão de que somos constituídos de vazios, que não podem ser definidos em palavras. Por exemplo, o útero materno gera ansiedade e satisfação para o bebê, mas só é compreendido quando são dadas palavras, como fome e comida. Somos vasos com vazios, tendo um bordo de ansiedade em busca de palavras que tentam preencher, mas no final, apenas nos mostram que somos constituídos de vazios. Como um vaso, presume-se que há uma falta, e quando vemos a falta como um vaso, percebemos que não há falta, mas o vazio é parte de nós. Não há falta no vazio, somos os sujeitos que faltam e tentamos preencher nossos vazios representando-os com palavras, mas sempre seremos vasos vazios...
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